Antecedentes: Anteriormente, demonstramos que o uso de ivermectina como profilaxia para COVID-19 estava associado a reduções nas taxas de infecção, hospitalização e mortalidade por COVID-19 e no risco de morte por COVID-19, independentemente da regularidade e uso acumulado de ivermectina , em um estudo observacional, obtido prospectivamente de um programa municipal estritamente controlado em uma cidade do sul do Brasil (Itajaí, SC, Brasil) de uso opcional de ivermectina com base médica como profilaxia para COVID-19.
Neste estudo, nosso objetivo foi explorar os dados obtidos do programa para avaliar se o nível de regularidade do uso de ivermectina impactou na redução desses desfechos, visando determinar se a ivermectina apresentava uma dose-, regularidade-resposta progressiva em termos de proteção contra o COVID-19 e resultados relacionados ao COVID-19.
Materiais e métodos:
Trata-se de um estudo observacional prospectivo do programa citado acima, que utilizou ivermectina na dose de 0,2mg/kg/dia por dois dias consecutivos, a cada 15 dias. Obtivemos e analisamos os dados sobre a dose acumulada de uso de ivermectina, além de idade e comorbidades, para analisar os padrões de redução de infecção por COVID-19, taxas de hospitalização e mortalidade e risco de morte por COVID-19, de acordo com a regularidade e a quantidade de ivermectina utilizada em um período de 5 meses.
Seguindo as definições de regularidade, foram considerados como estritamente regulares aqueles que usaram pelo menos 180mg de ivermectina (180mg = 30 comprimidos) e como usuários esporádicos aqueles que usaram 60mg (= 10 comprimidos) ou menos durante o período de 5 meses. Foram realizadas comparações entre sujeitos que não faziam uso de ivermectina e esses dois níveis de regularidade de uso de ivermectina.
As análises dos níveis intermediários de uso de ivermectina estão presentes no apêndice complementar deste estudo.
Para analisar as taxas de hospitalização e mortalidade, utilizamos o banco de dados de infecções por COVID-19 de todos os participantes, de Itajaí e de fora.
Para analisar a taxa de infecção por COVID-19 e o risco de morte por COVID-19, utilizamos o banco de dados da cidade de Itajaí. Propensity score matching (PSM) foi empregado, seguido de análise multivariada ajustada para diferenças residuais (análise duplamente ajustada).
Resultados:
Dos 7.345 casos de COVID-19, 3.034 ocorreram em não usuários, 1.627 em usuários esporádicos e 289 em usuários estritos, enquanto os demais casos ocorreram nos níveis intermediários de uso de ivermectina. Usuários estritos eram mais velhos (p < 0,0001) e prevalência não significativamente maior de diabetes tipo 2 e hipertensão.
A taxa de infecção por COVID-19 foi 39% menor entre usuários estritos [taxa de infecção de 4,03%; razão de risco (RR), 0,61; intervalo de confiança de 95% (n = 289 em cada grupo para ambas as comparações; IC 95%), 0,53 – 0,70; p < 0,0001] do que em não usuários (taxa de infecção de 6,64%) e redução não significativa de 11% em relação aos usuários esporádicos (taxa de infecção de 4,54%) (n = 1.627 em cada grupo; RR, 0,89; IC95% 0,76 – 1,03; p = 0,11).
A taxa de hospitalização foi reduzida em 100% em usuários estritos, em comparação com não usuários e usuários esporádicos, tanto antes quanto após PSM (RR, 0,00; IC 95%, não aplicável; p < 0,0001). Após o PSM, a taxa de hospitalização foi 35% menor entre os usuários esporádicos do que entre os não usuários (RR, 0,65; IC95%, 0,44 – 0,70; p = 0,03).
Em grupos combinados de pontuação de propensão, a taxa de mortalidade ajustada multivariada foi 90% menor em usuários estritos em comparação com não usuários (RR, 0,10, IC 95%, 0,02 – 0,45; p = 0,003) e 79% menor do que em usuários esporádicos (RR , 0,21; RR, 0,04 – 1,00; p = 0,05), enquanto os usuários esporádicos tiveram uma redução de 37% na taxa de mortalidade em comparação aos não usuários (RR, 0,63; IC95%, 0,41 – 0,99; p = 0,043).
O risco de morte por COVID-19 foi 86% menor entre usuários estritos do que entre não usuários (RR, 0,14; IC 95%, 0,03 – 0,57; p = 0,006) e marginalmente significativo, 72% menor que usuários esporádicos (RR, 0,28; IC95%, 0,07 – 1,18; p = 0,083), enquanto usuários esporádicos tiveram redução de 51% em relação aos não usuários (RR, 0,49; IC95%, 0,32 – 0,76; p = 0,001).
Conclusão:
O não uso de ivermectina foi associado a um aumento de 10 vezes no risco de mortalidade e risco 7 vezes maior de morte por COVID-19, em comparação com o uso estritamente regular de ivermectina em uma população estritamente controlada e coletada prospectivamente.
Um padrão progressivo de dose-resposta foi observado entre o nível de uso de ivermectina e o nível de proteção contra resultados relacionados ao COVID-19 e consistente em diferentes níveis de uso de ivermectina.
Autores do estudo:
Lucy Kerr, Instituto Kerr
Fernando Baldi, Universidade Estadual Paulista
Raysildo Barbosa Lôbo, Centro de Engenharia Genética e Biotecnologia
Washington Luiz Olivato Assagra
Fernando Carlos Proença
Jennifer A Hibberd
Juan Chamie, Universidad EAFIT
Pierre Kory, Front-Line COVID-19 Critical Care Alliance
Cadegiani Flávio, Biologia Aplicada FONTE
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