A sessão da CPI da Covid realizada hoje passará à história como um dos momentos mais sórdidos da história parlamentar brasileira. O Brasil inteiro viu uma mulher de 62 anos, médica e cientista, reconhecida internacionalmente, com mais de 40 anos de trabalho dedicado a salvar vidas, obrigada a ouvir ofensas e humilhações da boca de escroques revestidos de autoridade policial e escudados em suas vigarices pela imunidade senatorial. Pior que isso: diante dos aplausos da esquerda ― a velha e a nova ―, Dra. Nise Yamaguchi foi impedida por esses mesmos vigaristas de responder adequadamente à enxurrada de ofensas, insinuações, pegadinhas e mentiras que lhe foram lançadas. Toda essa sequência de infâmias tem por objetivo fazer crescer o número de mortes por covid no Brasil (criminalizando a adoção do tratamento precoce na maioria da população) e a derrubada do presidente da República. Mas, mesmo diante do bombardeio fétido das humilhações, Dra. Nise manteve a serenidade e acabou com a CPI da farsa, ao expor a podridão moral e intelectual dos senadores que comandam esse circo dantesco.
A médica oncologista Nise Yamaguchi falou à CPI da Covid, no Senado, por mais de sete horas nesta nesta terça-feira (1º). Ela contradisse o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta sobre suposta tentativa de alterar a bula da cloroquina e negou participação em um suposto "gabinete paralelo" para decisões e aconselhamento do presidente Jair Bolsonaro em temas relativos à pandemia.
A médica do Hospital Israelita Albert Einstein, que participou de discussões junto ao governo sobre estratégias contra covid-19 e foi cotada para ser ministra da Saúde, foi bastante questionada sobre a defesa que faz do tratamento precoce e do uso da cloroquina para pacientes com covid-19. Ela afirmou haver evidências científicas dos benefícios e que se sentiu em um "estado de exceção" diante das cobranças e críticas dos senadores nesta terça.
Um dos temas mais presentes foi a tentativa de alteração da bula da cloroquina. Nise contradisse o diretor-presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Antonio Barra Torres, que afirmou à comissão que a médica propôs mudança da bula em reunião no Palácio do Planalto no ano passado. Também apresentou versão contrária à do ex-ministro Luiz Henrique Madetta, que afirmou ter visto na reunião uma minuta para alterar a bula da cloroquina.
Segundo a médica, no encontro realizado em abril do ano passado discutiu-se uma minuta relativa ao medicamento, mas que não se tratava de um documento para a alteração das recomendações de uso do remédio. Conforme a oncologista, era um "um rascunho de como poderia ser disponibilizada uma medicação que estava em falta" e abordava também a "adesão ao tratamento de acordo com um consentimento livre esclarecido e notificações no site da Anvisa".
Ela também descartou que na reunião tivesse sido debatida a edição de um decreto presidencial para alteração da bula. "Não existiu ideia de mudança de bula por minuta, nem por decreto", disse.