10/05/2021 às 20h24min - Atualizada em 10/05/2021 às 20h24min

Israel revida ataque do Hamas e o mundo pede calma

No sábado, a UE tinha pedido às autoridades israelitas para agirem "com urgência" de forma a diminuir as tensões em Jerusalém. "Os líderes políticos, religiosos e comunitários de todas as facões devem mostrar moderação e responsabilidade e fazer todo o possível para acalmar esta situação explosiva", acrescentou o porta-voz de Josep Borrell.

Cristina Barroso
(REPRODUÇÃO)
A Esplanada das Mesquitas, em Jerusalém Oriental, sofreu novos confrontos hoje entre fiéis palestinos e a polícia israelita, causando mais de 300 feridos, a grande maioria palestinos, após um fim de semana de violência na cidade.

Segundo o premier israelense, Benjamin Netanyahu, os ataques de hoje não devem ser os únicos, e podem se estender a outras áreas além de Gaza.

Sem dar detalhes, os militares israelenses confirmaram o ataque, apontando que o alvo era um comandante do Hamas, mais tarde identificado como Muhammad Fayad, das Brigadas al-Qassam, braço armado do grupo. Eles disseram também que “não poderiam confirmar ou negar” que mortes em Gaza foram provocadas pelos bombadeios.

Segundo os israelenses, o Hamas e o grupo Jihad Islâmica lançaram, nas últimas horas, 45 foguetes em direção a áreas habitadas — em sua maioria, os projéteis caíram em áreas abertas perto das cidades de Ashkelon e Sderot, onde um míssil antitanque atingiu um veículo, provocando ferimentos leves em um homem que estava nos arredores. Um outro míssil acertou uma casa abandonada nos arredores de Jerusalém, e o sistema de defesa aérea Cúpula de Ferro  interceptou um outro foguete vindo de Gaza. Já o Hamas garante ter lançado 100 foguetes.

Os Estados Unidos começaram por defender junto a ONU que uma mensagem pública não seria "oportuna nesta fase", quando o Conselho de Segurança se reuniu de emergência sem chegar a um acordo sobre uma declaração conjunta.

Entretanto nas últimas horas, Washington e Londres condenaram o lançamento de foguetes por parte do movimento islamita palestino Hamas contra Israel, pedindo contenção, de forma a diminuir as tensões na região.

"Reconhecemos o direito legítimo de Israel de se defender, de defender o seu povo e o seu território", disse hoje o porta-voz da diplomacia norte-americana, Ned Price.

"O Reino Unido condena o lançamento de foguetes em Jerusalém e a vários locais de Israel. A violência em Jerusalém e Gaza deve terminar. (...) Precisamos de uma redução imediata da escalada de todos os lados, travando os ataques à população civil", disse o chefe da diplomacia britânica, Dominic Raab.

Ao longo dos últimos dias, vários países condenaram os atos de violência e pediram uma solução que coloque fim aos dias de violência em Jerusalém. A França alertou hoje para os riscos de uma "grande escalada" de tensão no Médio Oriente, pedindo contenção nos gestos e nas palavras.

"A França apela a todas as partes para que mostrem a maior contenção e se abstenham de qualquer provocação para permitir um regresso à calma o mais rápido possível", declarou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros francês.

Josep Borrell, responsável pela política externa da União Europeia (UE), pede para que "tudo seja feito para evitar o aumento das tensões". "Estamos profundamente preocupados com os recentes confrontos e com a violência", disse hoje. No sábado, a UE tinha pedido às autoridades israelitas para agirem "com urgência" de forma a diminuir as tensões em Jerusalém. "Os líderes políticos, religiosos e comunitários de todas as facões devem mostrar moderação e responsabilidade e fazer todo o possível para acalmar esta situação explosiva", acrescentou o porta-voz de Josep Borrell.

Já a diplomacia alemã pediu a colaboração das partes para encontrar uma solução de consenso. "Só podemos pedir a todas as partes que neutralizem esta situação verdadeiramente explosiva. Ambas as partes podem ajudar", disse hoje o ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, Heiko Maas.

O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, condenou hoje o que chamou de "terrorismo" israelita em Jerusalém, dizendo que fará tudo o que estiver ao seu alcance para "mobilizar o mundo, em particular o muçulmano, para acabar com o terrorismo e a ocupação israelita".

O Governo iraniano pediu às Nações Unidas, no sábado, para que condenassem o que chamou de "crime de guerra" cometido por Israel em Jerusalém.

"Não foi suficiente para o regime israelita roubar as terras e as casas das pessoas, criar um regime de 'apartheid' e recusar vacinar civis sob ocupação ilegal. Teve ainda que disparar sobre fiéis inocentes que se encontravam no interior da terceira mesquita mais sagrada do Islã", escreveu hoje o ministro iraniano dos Negócios Estrangeiros, Javad Zarif, na sua conta da rede social Twitter.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros do Egito, condenou hoje "veementemente a nova incursão de forças israelitas na mesquita de Al-Aqsa".

Vários países árabes, incluindo os que recentemente normalizaram as suas relações diplomáticas com Israel - Sudão, Marrocos, Emirados Árabes Unidos e Bahrein - ou a Argélia, manifestaram apoio incondicional à causa palestina, denunciando as ações de força israelitas.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros do Sudão condenou no sábado as medidas tomadas contra os palestinos em Jerusalém, considerando-as atos de "repressão".

Abu Dhabi pediu às autoridades israelitas para que "assumam a responsabilidade pela desaceleração" da violência em Jerusalém.

A Argélia condenou os "ataques racistas e extremistas registrados na cidade ocupada de Al-Quds (a designação de Jerusalém em árabe)".

O Rei Abdullah II da Jordânia "condenou" no domingo "as violações israelitas e as práticas que levaram à escalada (das tensões) em torno da mesquita de Al-Aqsa".

Até o Papa Francisco pediu no domingo o fim da violência em Jerusalém.

"A violência só gera violência. É preciso parar estes confrontos", disse o Papa numa mensagem após a oração dominical, apelando às partes para que garantam "que a identidade multirreligiosa e multicultural da cidade sagrada possa ser respeitada e que a fraternidade prevaleça".

 

 

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