VAI COMEAÇAR A FESTA, VAI ROLAR O vai começar a festa, vai rolar, não tem nada haver com a música baiana, não. É sobre outra festa, a festa que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva(PT-SP) já esta fazendo antes mesmo de começar a assumir seu terceiro governo.
O primeiro ato de Lula antes mesmo de começar a reinar foi exigir que o Congresso aprovasse, em regime de urgência, a PEC(Proposta de Emenda Parlamentar), mais conhecida como PEC de transição, com a ajuda do seu, agora, grande aliado o presidente da Câmara, Arthur Lira(PP-AL). Esta PEC amplia o teto de gastos - regra que limita o crescimento das despesas do governo à variação da inflação - em R$ 145 bilhões para pagar o Bolsa Família.
Claro que Lira, o comandante do Centrão, não entrou nessa só pelos belos olhos(?) de lula, ele entrou na tentativa de conseguir sua reeleição para presidência da Câmara com o apoio agora do PT e seus aliados, obter mais cargos do governo Lula, além do controle das distribuições das emendas que ele e Rodrigo Pacheco(PSD-MG), presidente do Senado, terão que administrar. Serão R$ 1,45 bilhões para cada um desses digníssimos senhores que usarão estes recursos ao seu bel prazer, uma vez que não fica claro na proposta como estes recursos serão divididos entre os congressistas, cabendo ao líder fazer a divisão.
Vale ressaltar que Lula e o PT, nunca pouparam criticas ao orçamento secreto, taxando-o até de “excrescência política”, mas durante a votação da PEC, dos 49 deputados do PT 44 votaram a favor da resolução, mostrando o jeito petista de votar e de governar.
Outra incoerência petista são as mudanças na Lei das Estatais que agora tramita no Senado. Com a mudança, ao invés dos três anos para a quarentena que os políticos possam assumir cargos em empresas controladas pelo governo, o novo texto reduz para 30 dias. Essa lei já havia sido sancionada em 2016 após ficar comprovado o uso politico com objetivos de beneficiar políticos em cargos de diretoria e conselhos administrativos das estatais.
Esta mudança pode abrir indicações para 587 cargos de alto escalão em estatais. São 272 vagas em diretorias executivas e 315 em conselhos de administração. A remuneração anual mais baixa nas estatais é de R$ 214 mil e a maior, a da Petrobras, de 3milhões por ano, sem contar as gratificações das estatais.
Este é mais um retrocesso do governo Lula e certamente abrira uma acirrada disputa entre candidatos sindicalistas, políticos petistas e aliados pela disputa destes cargos milionários. Caso a mudança nesta lei venha ser aprovada, não vai demorar muito para termos de volta escândalos como o do Petrolão e a corrupção de volta ao governo do PT.
Outro grande problema que esta se repetindo é na formação da equipe ministerial de governo. Lula esta tendo que contrariar seu discurso de campanha quando dizia que iria governar “com menos PT” e com uma grande frente ampla, que coubesse o PT e os partidos que o ajudaram a chegar ao poder pela terceira vez, incluindo ai a aliada de primeira hora Simone Tebet(MDB-MS), que ao que tudo indica está sendo fritada em banho-maria e até esta data(26/12/2022), não tinha um ministério pra chamar de seu.
Para variar os petistas não abrem mão dos melhores ministérios, os de maiores visibilidades, e não estão dispostos a cederem espaço de poder privilegiado para Simone, com receio de que ela use-o como trampolim eleitoral em 2026.
Nesta disputa fatídica entre Simone e o PT, está o Ministério da Cidadania, pois cuida do famigerado programa Bolsa Família, um dos principais ativos eleitorais de Lula, assim como foi para Bolsonaro que tentou usá-lo por um curto período de tempo para sua reeleição, com o nome de Auxilio Brasil, e por incompetência dele e de sua equipe de governo, quebraram á cara.
Este é o PT que Simone Tebet parecia desconhecer quando resolveu apoiar Lula logo após o resultado das eleições do primeiro turno, achando que tinha cacife político para peitar seu partido, o MDB, que não havia dado autorização expressa para tal apoio sem antes consulta-lo, e os caciques petistas e sua base aliada que, por sinal são muitos, e querem tudo para eles, além de não serem de confiança.
Lembrando o que dizia o vice-presidente de Lula, Geraldo Alckmin(PSB-SP) em seus discursos quando era do PSDB e fazia oposição sistemática ao candidato Lula: “Lula está de volta a cena do crime”, dizia ele. Sim, ele esta de volta e desta vez com apoios políticos de diversos atores políticos, econômicos, culturais e sociais, e até mesmo de réus condenados durante o processo da Lava-Jato, alguns até já com cargos no novo governo dele, que além de vir mais forte, vem mais assessorado e contando com um apoio de dois aliados inusitados, o STF, Supremo Tribunal Federal e TSE, Tribunal Superior Eleitoral, que ao longo dos últimos anos mostraram ao País que o crime compensa, soltando condenados da Lava Jato, inclusive Lula, e agora por ultimo foi á vez de Sergio Cabral, mostrando que a lei vale apenas para os PPP: pobres, pretos e periféricos.
Outros apoios significativos que Lula esta recebendo vem de celebridades artísticas, jornalistas, colunistas e de parte da grande imprensa que parecem sofrer de amnésia e se omitem sobre os escândalos dos governos petistas acontecidos entre 2003 a 2016, tratando-o como um inocente útil, politico probo, cheio de boas intenções e que vem agora com um discurso que parece mais um mantra, de que vai tirar o País do mapa da fome, que o povo vai voltar a comer picanha, como se nos governos dele a fome nunca tivesse existido e o povo só comesse picanha.
Complacente com Lula parte da imprensa fecha os olhos diante desse discurso populista, demagógico e das aberrações que já estão sendo praticadas por um governo que ainda nem começou a governar e já põem em pratica as velhas formas viciadas de fazer política, voltando a fazer uso do toma lá, da cá, como se essa fosse uma pratica saudável e universal de governar.
Tanta empolgação no apoio a Lula talvez seja pelo montante da verba publicitaria que Lula estará disposto a bancar em 2023, cerca de 20 bilhões á disposição para gastar com propagandas de estatais em 2023, isto tudo graças a aprovação do projeto de lei(PL) 2.896 de 2022, que fez mudanças na Lei das Estatais e uma delas alterou de 0,5% para até 2% da receita operacional o limite de despesas com publicidade e patrocínio dessas empresas em cada exercício, e isto os fazem calar. Vai começar a festa, vai rolar!
Há! Quanto ao STF e TSE, se você quer saber o que estes Seres Supremos do Olimpo irão receber, só Lula sabe essa resposta. “Perdeu, Mané!”
Juarez Cruz Escritor
[email protected] Salvador-BA