Os Corretores das Sombras fizeram mais do que revelar documentos. Eles expuseram uma coleção de ferramentas eletrônicas altamente secretas guardadas pela outrora inexpugnável NSA – National Security Agency (Agência de Segurança Nacional); sistemas de invasão eletrônica tão poderosos que os próprios hackers os apelidaram de “dinamite” e que agora estavam disponíveis para qualquer um
na web.
O resultado foi desastroso. Hackers de regimes autoritários e ditatoriais apoderaram-se dos códigos de invasão e utilizaram-nos para realizar seus próprios e inconfessáveis ciberataques, causando prejuízos de cerca de US$ 14 bilhões (R$ 57 bilhões), infectando centenas de milhares de computadores e inteferindo com governos e negócios ao redor do planeta.
As tradicionais agências de espionagem americanas (CIA, NSA, ICE, FBI, etc.) que estavam acostumadas a roubar segredos e penetrar as operações de inteligência de outros países amigos ou não, nem viram o que as atropelou.
O governo dos EUA iniciou então a maior operação de contra inteligência de sua história, tentando identificar o grupo dos Shadow Brokers, que mais tarde se soube que tinha origem na Rússia.
O que esse grupo de jovens nerds conseguiu mostrar ao mundo foi indisfarçável: os Estados Unidos e seus aliados não tinham mais o domínio eletrônico de antes, mesmo tendo sido o país que criou e desenvolveu a Internet a partir da rede militar DARPA nos anos 1960. Ataques eletrônicos destruidores e quebras de senhas e códigos tornaram-se o pesadelo real de governos e autoridades em geral.
Hackers chineses invadem computadores de empresas e do governo americanos e furtam segredos industriais e bases de dados inteiras, enquanto piratas eletrônicos russos interferem em centrais elétricas e processos eleitorais de seus adversários. Até mesmo países isolados como a Coreia do Norte e o Irã têm a capacidade de causar danos a multinacionais planetárias como Sony e Aramco.
A arena caótica das operações cibernéticas não é o que os militares e senhores da guerra imaginaram e planejaram em seus bunkers subterrâneos. Eles sempre consideraram a guerra cibernética um equivalente digital à guerra atômica: devastadora mas rara. Ledo engano.
Em vez daquela visão apocalíptica, os ataques cibernéticos tornaram-se quase que comuns e hoje são parte integrante da competição geopolítica global. Eles acontecem diariamente. É um jogo sem fim de espionagem e engano, ataque e contra-ataque, desestabilização e retaliação eletrônica.
Os alvos? Todos os links globais de comunicação, mecanismos de criptografia, empresas de tecnologia da informação e computadores em geral, que pessoas e empresas utilizam diuturnamente no simples ato de conduzirem suas vidas pessoais, profissionais e políticas.
Trata-se de uma nova forma de estado, invisível, intocável, mas muito mais letal e temível do que qualquer político jamais imaginou e com impacto inexorável na sociedade planetária.
Para o bem ou para o mal, os hackers estão forjando o futuro do mundo.
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